quarta-feira, setembro 16, 2009

Odaléa doou palacete para o Exército


Odaléa Brando Barbosa é uma das mulheres mais engraçadas do chamado primeiro time carioca. Piadista, sempre tem uma história para contar. Ouvi dela, certa vez, em sua bela casa do Jardim Botânico, uma anedota com o nome da Angelique Chartunis que, se eu reproduzir aqui, acaba em golpe de estado, por isso não conto.
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Leio agora no Estadão, minha leitura obrigatória de todos os dias, que o belo palácio dos Brando Barbosa foi doado ao Exército Brasileiro. Belo gesto da Odaléa, que adora um sari, uma roupa bordada e brocada.
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Anfitriã de primeira, Odaléa é marcante em tudo que faz. Por exemplo: seja a festa mais chique, o jantar mais embecado em sua casa - e são tantos -, para a turma que vai ficando, vai ficando, da cozinha surge um carregamento de pastéis. É, pastéis. A turma cai em cima, sem fescuras, as gravatas já foram tiradas, algumas mulheres - só as íntimas - já desceram do salto, e os pastéis da Odaléa, ah, que delícia!
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Lembro que a última festa que contou com a presença do saudoso e gentleman Jorge Brando Barbosa, marido dela, ex-dono do Banco Real (com os Faria) foi um jantar comemorando meu niver, no Hotel Glória. Vou procurar as fotos. Noite inesquecível, com a estrela do coro do Municipal, Marília Furiati, cantando divinamente, como Callas. Segue o texto do Estadão.


Texto de Clarissa Thomé / O Estado de São Paulo

A mansão Brando Barbosa e todo o acervo de tapetes persas, prataria inglesa e portuguesa, porcelana chinesa, opalinas e santos barrocos amealhado pelo banqueiro Jorge Brando Barbosa, já falecido, foram doados ao Exército pela socialite Odaléa Brando Barbosa, de 80 anos. O desejo de Odaléa é de que o casarão seja preservado e aberto à visitação pública, depois de sua morte, a exemplo do que foi feito pelo governo do Estado da Bahia com o Museu Costa Pinto.

Enquanto viver, Odaléa permanece morando na mansão, restaurada por ela e pelo marido, que abriga a coleção de objetos de arte que o casal levou mais de 50 anos para reunir. "Não tivemos filhos, não tenho herdeiros. E jamais teria coragem de vender a casa, que testemunhou o meu amor e de Jorginho. Minha alma não iria se salvar."

A história do casal começou em 1945. Ela tinha 15 anos, estava pronta para uma festa e foi obrigada pela mãe a levar a cachorrinha Susy para passear. Brando Barbosa passou no Lincoln conversível e não resistiu à beleza de Odaléa. Casaram-se no ano seguinte e foram para Nova York, onde o empresário buscava contratos de representação comercial. "Ele amava a arte. Em vez de comprar roupas, visitávamos os antiquários da 3ª Avenida", conta. E assim fizeram mundo afora.

Em 1964, o casal comprou a casa, sede de uma fazenda do século 18, no Jardim Botânico, zona sul do Rio, que ocupa um terreno de 12 mil m². Foram seis anos de restauro e o imóvel acabou tombado pelo patrimônio estadual. Em cada cômodo, sobre cada mesa, aparador ou prateleira, se espalham milhares de objetos de arte - cristais de Murano, paliteiros de prata, taças, louças francesas e inglesas, obras de Aleijadinho, gravuras de Margaret Mee, objetos sacros.

Brando Barbosa fez curso de restaurador e recuperava algumas peças, numa oficina de marcenaria que mantinha num dos pavilhões. Em 2000, quando o banqueiro começava a se retirar dos negócios, criou o Instituto de Arte J. Brando Barbosa. Queria abrir uma escola de restauro na própria casa, para profissionalizar jovens carentes.

Um enfarte fulminante interrompeu os planos. Odaléa não teve coragem de levar adiante o projeto do marido. "Infelizmente, não dá para receber pessoas estranhas em casa hoje em dia." Mas quer que o legado de Brando Barbosa chegue ao público.

NOVELAS

A fachada da mansão e a piscina já apareceram em quatro novelas da Globo - em Cama de Gato, que estreia em outubro, será a casa do perfumista Gustavo, interpretado por Marcos Palmeira. Também está em andamento um livro de fotografias, com imagens do acervo e a história do casal. E, por fim, o museu - o projeto mais ambicioso.

"Tudo o que eu quero é que a casa seja preservada depois que me for. Meu sogro era militar, meu marido foi aluno do Colégio Militar e paraninfo da primeira turma de meninas. Um amigo, o general Licínio Nunes de Miranda Filho, foi o padrinho da doação", conta Odaléa, condecorada no dia 22 com a medalha do Pacificador.

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